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Luciano Carneiro: Uma lente, mil olhares

A exposição apresenta o trabalho do jornalista cearense Luciano Carneiro, o qual dá nome a uma das grandes avenidas de Fortaleza e faz parte da reconstrução do fotojornalismo brasileiro

Foto: Renata Ximenes

Foto: Renata Ximenes

Por meio de arquivos fotográficos, biográficos, entrevistas e documentos colhidos através da revista O Cruzeiro, a exposição “Luciano Carneiro: O Olho e o Mundo” traz à Fortaleza uma mostra da carreira de um dos mais famosos fotojornalistas brasileiros. Localizado no Museu da Cultura Cearense (MCC), dentro do Centro Cultural Dragão do Mar de Arte e Cultura, a exibição segue até domingo, 13, com entrada gratuita das 9h às 18h30 até sexta-feira, 11, e das 14h às 20h30 no final de semana. A exposição é realizada pelo Instituto Moreira Salles (IMS) com apoio do Instituto Dragão do Mar e Governo do Estado do Ceará.

José Luciano Carneiro Mota nasceu em 1926 na cidade de Fortaleza mas, para muitos, só é conhecido enquanto avenida. Fotojornalista, correspondente de guerra, paraquedista e piloto, essas duas devido a prática do irmão mais velho, o cearense ficou famoso à época por reconstruir o olhar através da câmera. Luciano trouxera à revista O Cruzeiro, do icônico Chateaubriand, um ar mais humano em suas fotos que vinham acompanhadas de texto, sendo comparado até a Cartier-Bresson e Robert Capa, fotógrafos famosos por esse estilo.

Na revista O Cruzeiro Luciano Carneiro possui 15 matérias publicadas que versam entre assuntos como a Guerra das Coreias e a seca no município de Orós, em Iguatu, com o título “O Drama de Orós”, de 1949.

"Se suas imagens não ficaram boas,

é porque você não se aproximou o suficiente do seu assunto"

(CARNEIRO, Luciano)

Paulo Linhares, presidente do Instituto Dragão do Mar e conhecedor do trabalho de Luciano Carneiro, afirma que o fotojornalista inovou no uso da fotografia documental como meio de aproximar estética e verdade, além de conseguir registrar um novo mundo que nascia. Um mundo de guerras, a vida de diferentes povos (japoneses, russos, africanos, egípcios) e um Brasil que não se via por inteiro (jangadeiros, cangaceiros, retirantes nordestinos). "Podemos dizer que, entre uma foto e outra, vemos crescer a angústia que foge da fotografia e do texto como obra de gosto para se concentrar cada vez mais na verdade como problema fundamental", ressalta Paulo.

Foto: Renata Ximenes

Apesar de ser pouco conhecido, visitantes como o estudante Wesley afirmam ver um diferencial no olhar do fotojornalista sobre o mundo. "Sempre você observa que as fotos têm esse movimento de sujeitos que podem contar histórias por trás da foto", relata.

As histórias contadas na exposição revelam fatos como o começo de Brasília e movimentos urbanos, além da vida de povos indígenas, o que mostra o caráter humanitário do fotógrafo ao dar visibilidade para estes temas.

Guerra das Coreias

Luciano Carneiro Filho, durante o minidocumentário que compõe a exposição, relembra uma situação curiosa que marcou a trajetória do pai enquanto repórter correspondente na Guerra das Coreias. Ele conta de quando Luciano fez um torneio de xadrez entre os repórteres, pois só um poderia seguir com os militares. Como um cearense "sabido" e bom enxadrista, ganhou além do torneio o direito de descer, junto com os militares, ao Paralelo 38 N, a divisa entre os dois países. Conta-se que Luciano não poderia levar arma de fogo por estar empunhando a câmera, mas mal sabiam que essa era a melhor e a mais poderosa.

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