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Uma Dobra no Tempo: Bonito no visual, genérico em todo o resto

  • Fabrício Girão Bastos
  • 20 de abr. de 2018
  • 3 min de leitura

Não é segredo para ninguém que quase tudo relacionado ao Walt Disney Studios é sucesso instantâneo. Além das animações adoradas por gerações, a empresa do Mickey Mouse ainda é dona de franquias como o Universo Cinematográfico da Marvel e a saga Star Wars, sucessos entre o público e a crítica especializada e campeões de bilheteria.


Mas quase não é tudo. Entre incontáveis sucessos, o estúdio também amarga fracassos, principalmente de seus filmes em live action. Todos amam quando animações clássicas ganham versões com atores, a exemplo de Mogli: O Menino Lobo (2016) e A Bela e a Fera (2017). Mas pouquíssimos são os que lembram de filmes como John Carter: Entre dois Mundos (2012) e Horas Decisivas (2016), também da Disney, mas adaptados de livros.

É nesse cenário que surge Uma Dobra no Tempo, adaptação da brilhante Ava DuVernay (Selma: Uma Luta pela Igualdade) do livro escrito por Madeleine L’Engle em 1963. A história gira em torno de Meg (Storm Reid), uma garota que embarca em uma viagem fantástica pelo universo em busca de seu pai, Alexander (Chris Pine), que está desaparecido.

O filme de DuVernay começa no caminho certo. Com pouco tempo de tela ele consegue mostrar bem a força da relação entre pai e filha, e como a personalidade protagonista mudou com o sumiço do pai. Quatro anos depois do incidente, Meg ainda tem dificuldade de tocar sua vida, mas recebe apoio, e também apoia, sua mãe (Gugu Mbatha-Raw) e seu excêntrico irmão Charles Wallace (Deric McCabe).


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Assim que a jornada se inicia, o filme começa a engasgar. Os irmãos se reúnem com Calvin (Levi Miller), um simpático garoto que não tem sua origem ou motivação muito claras e recebem a oportunidade de procurar pelo pai de Meg, auxiliados pelas fantásticas Senhoras do Tempo. Ao contrário do início cauteloso, tudo aqui é muito apressado.


Sra. Queé (Reese Witherspoon), Sra. Quem (Mindy Kaling) e Sra. Qual (Oprah Winfrey), as Senhoras do Tempo, são os maiores acertos da produção. Além de exibirem visuais deslumbrantes durante o filme, o carisma do trio de atrizes enche as personagens de personalidade, ainda que o roteiro falhe em as dar substância, como com Calvin.


Enquanto Meg, Charles, Calvin e as Senhoras viajam pelo espaço-tempo em busca de Alexander, Uma Dobra no Tempo revela seu maior trunfo: o visual incrível. Os efeitos são bastante críveis e o filme encontra soluções visuais bastante criativas para as situações mostradas na tela.


É perceptível o cuidado da diretora Ava Duvernay com a estética do longa, filmando de diversos ângulos e utilizando enquadramentos que valorizam e trazem mais emoção ao que está sendo retratado nas cenas.

Ainda assim, a produção não consegue criar uma identidade visual para os planetas visitados. Os mundos mostrados não parecem ter profundidade estética e são bastante genéricos, fazendo com que você não se importe em lembrar seus nomes ou saiba diferenciar um do outro, sendo Camazotz o mais bem resolvido e a única exceção.


O visual quase impecável não é suficiente para sustentar o roteiro cheio e bagunçado. Uma Dobra no Tempo sofre de sérios problemas de ritmo. Enquanto muito tempo é dado para coisas desnecessárias, situações importantes são apressadas e mal explicadas, exigindo um pouco mais de atenção do público.


Enquanto os heróis possuem seus objetivos bem claros, o antagonista do filme, uma força maligna conhecida apenas como Aquilo, é bastante mal desenvolvido. Uma Dobra no Tempo escolhe a saída fácil do embate da luz contra as trevas para definir o vilão, colocando os protagonistas como guerreiros e o Aquilo como o “chefão” a ser derrotado. Essa dicotomia só o torna superficial e genérico.


As circunstâncias do sumiço do pai de Meg são mantidas em segredo e vão sendo reveladas aos poucos durante o filme. De início, o tom de mistério e curiosidade agrada, mas as expectativas não são atendidas quando o roteiro faz decisões simplistas e decepciona.


No geral, Uma Dobra no Tempo é bem intencionado e deposita nos personagens a missão de carregar emocionalmente o filme, mas o roteiro falha diversas vezes em manter a jornada dos heróis interessante e coerente. Ainda não foi dessa vez que a Disney acertou com um live action que não seja remake de uma animação.


 
 
 

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