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Misturando aventura intergaláctica à mitologia do Deus do Trovão, Thor Ragnarok é um dos melhores fi


Em seus quase 10 anos de história, o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU) marcou a história das adaptações de super-heróis dos quadrinhos para as telonas com alguns dos melhores filmes já feitos do gênero. Thor (2011) e Thor: O Mundo Sombrio (2013) definitivamente não são exemplos desses filmes.

Com o filme Thor Ragnarok (2017), o Marvel Studios tenta renovar a franquia e se redimir pelos filmes anteriores. Para isso, resolveu-se adaptar a história do Ragnarok, presente tanto na mitologia nórdica quanto nas aventuras de Thor nos quadrinhos, um evento desastroso que culmina na destruição de Asgard. E o fim do mundo é, de fato, a salvação da franquia Thor.

A principal diferença desse filme em relação aos anteriores está no tom. Enquanto os dois anteriores tentam se levar muito a sério, em Ragnarok, o diretor Taika Waititi aposta no humor exagerado que consagrou os Guardiões da Galáxia. Ele também atua como o principal alívio cômico do filme, o gigante Korg. Com um ótimo timing para comédia, o protagonista Chris Hemsworth fica bastante à vontade e entrega uma atuação descontraída.

Já anunciado durante a divulgação do filme, a aventura aqui ganha um escopo bem maior. Thor precisa evitar que Hela (Cate Blanchett), deusa da morte, destrua Asgard. Mas ele está preso com seu irmão Loki (Tom Hiddleston) em Sakaar, um planeta cuja principal atração são as lutas de gladiadores organizadas pelo líder do local, o Grão-Mestre (Jeff Goldblum), que tem como principal astro o Hulk (Mark Ruffalo).

Em termos de roteiro, a terceira aventura do Deus do Trovão é redonda e bem divertida. Explorando elementos da mitologia nórdica e adaptando conceitos de Planeta Hulk, a história não só expande as fronteiras do MCU como dá um crescimento ao personagem principal, revisitando pontualmente o que ele passou até chegar ali.

Outro mérito do filme é o seu excelente elenco. As escalações de Blanchett e Goldblum para Hela e Grão-Mestre, respectivamente, são extremamente acertadas, uma vez que os veteranos do cinema se entregam aos personagens com ótimas atuações. O destaque vai para a Hela de Cate Blanchett, que é cruel e ameaçadora, impondo respeito e autoridade apenas com a sua presença, se distanciando dos vilões esquecíveis que são quase regra no Universo Marvel.

Já bem conhecido do público, o Loki de Tom Hiddleston não está muito diferente do que já foi visto dele nos filmes anteriores. Ragnarok explora sua relação de amor e ódio com o irmão Thor a partir onde as coisas estavam no final de O Mundo Sombrio, com Loki assumindo o lugar de seu pai Odin. Embora não acrescente nada novo, a química entre Thor e Loki rende boas cenas.

Diferente de sua última aparição, Hulk ostenta um status de estrela em Sakaar, pois vence todos os seus adversários em batalha. Desde a primeira aparição do gigante esmeralda nos cinemas, a tecnologia se desenvolveu bastante e aqui ele parece tão real como nunca, com Mark Ruffalo interpretando perfeitamente as duas personalidades do herói.

Hulk é amigo de Valquíria (Tessa Thompson), uma guerreira com passado misterioso que trabalha recrutando heróis para o Grão-Mestre. Em seu primeiro filme no MCU, Thompson entrega uma personagem carismática, relacionável e cheia de personalidade. Seria interessante vê-la em outros filmes no futuro para que a personagem possa ganhar mais espaço.

Visualmente, Thor Ragnarok é uma bela homenagem à Jack Kirby. Tudo é bastante colorido e inspirado nos desenhos do quadrinista. Isso fica bastante evidente em Sakaar, onde a influência de Kirby é vista das cores fortes e variadas que compõem o local até o estilo e caracterização dos habitantes.

As sequências de ação são excelentes. Já na abertura do filme, Thor usa seu martelo Mjölnir de maneiras variadas para enfrentar os inimigos. No decorrer do longa, a ausência do martelo possibilita explorar a ação do personagem principal de outras maneiras, trazendo certa inovação.

Os efeitos visuais também agradam. Além do já citado Hulk, a construção de ambientes reais no set de filmagens combinada com a computação gráfica, torna as fictícias Asgard e Sakaar bem reais. Destaca-se aqui a cena da luta entre Thor e Hulk na arena, visualmente impecável.

Embora tenha mais méritos que erros, Thor Ragnarok ainda dá seus tropeços. Esse filme ainda segue muito o padrão da Marvel, embora você perceba a presença criativa do diretor Taika Waititi. E isso é um problema.

Mesmo tendo se consagrado por manter um certo padrão em seus filmes, a chamada Fórmula da Marvel já dá seus sinais de desgaste. Não há nenhum problema em optar pelo humor, desde que utilizado nas horas corretas. Em Thor Ragnarok, muitos momentos com maior carga dramática são quebrados com piadas desnecessárias, o que também foi problema em Doutor Estranho (2016).

Ainda que o título enfatize o nome do apocalipse asgardiano, essa parte da trama é deixada de lado em detrimento da história em Sakaar, só recebendo atenção total no terceiro ato, um dos pontos altos do filme. Faltou equilibrar melhor o tempo nas duas ambientações do filme e dar mais espaço à Cate Blanchett, que mesmo com um tempo razoável é, sem dúvidas, uma das melhores coisas no filme.

No fim, o saldo que fica é bastante positivo. Thor Ragnarok leva a franquia em outra direção, aprendendo com os erros do passado e corrigindo-os. O filme expande os horizontes do Universo Marvel e constrói uma aventura divertida de grandes proporções, mostrando que a franquia Thor soube se reinventar e que tem fôlego para mais.


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