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Bojack Horseman chega na quarta temporada mesclando, mais uma vez, reflexões, lágrimas e risadas

  • Grasielly Sousa
  • 21 de set. de 2017
  • 3 min de leitura

Bem vindos a Hollywoo, o mundo do famoso cavalo Bojack Horseman, onde os animais vivem como pessoas e ratos podem namorar gatas. A animação chegou ao seu quarto ano, mostrando que ainda é possível melhorar e mexer cada vez mais com as nossas cabeças (e corações). Com teor adulto e humor negro, a série trouxe desde o início uma comédia afiada, brincando com o vazio das celebridades e tratando de temas sérios e polêmicos da sociedade.A narrativa, que sempre trabalhou bem o humor recheado de sarcasmo e indiretas, aos poucos começou a se mesclar com o drama, dando um chute no nosso estômago e trazendo um choque de realidade.

O drama existencial crescente da série teve o seu ápice na terceira temporada, que acabou com um dos momentos mais tristes e depressivos até então. Este final fez, inclusive, com que Bojack retornasse na quarta temporada afastado de todos e do seu universo hollywooano. A série nos encaminhou por muitos momentos para a redenção de Bojack, até o momento de fundo do poço em que ele finalmente perceberia todas as burrices que ele fez na vida. No entanto, por mais que o personagem tenha crescido durante os anos, ele continua sendo o mesmo egoísta alcoólatra, e a verdade é que o cavalo acaba sempre cometendo os mesmos erros, mostrando ser um caso perdido.

Com foco nas relações familiares dos personagens, a quarta temporada tentou quebrar um pouco dessa visão para mostrar outro lado do nosso do personagem título. Bojack teve a companhia de sua mãe e da suposta filha, mas, enquanto isso, outros personagens também lutavam para se achar nesse meio. Diane e Mr. Peanutbutter passaram a temporada toda em uma relação nada saudável. Mas a verdade é que o casamento deles nunca foi um grande ponto da série.

Eles funcionam muito bem em seus plots separados, e foi assim, enquanto o relacionamento do casal não funcionava mais como antigamente, que ambos conseguiram figurar bons momentos na temporada. Mr. Peanutbutter e a sua candidatura a governador da Califórnia rendeu boas alfinetadas, fazendo referência a Trump e a Arnold Schwarzenegger. Enquanto isso, Diane trouxe à tona a problemática da insegurança vivida pelas mulheres, episódio que, de tão absurdo, gerou momentos hilários (mas também reflexivos, ao pensar na realidade absurda destes).

Já Princess Carolyn, que começou a temporada no paraíso, trouxe consigo uma das tramas mais difíceis de acompanhar. A personagem, que, para mim, é uma das melhores da série, ainda não conseguiu dessa vez ter o seu final feliz. Tudo que parecia estar se encaminhando teve um fim amargo, que ela recebeu da única maneira possível para ela: se auto-destruindo. Ainda sonho com o dia que a Princess Carolyn terá um pouco de felicidade em sua vida.

Todd teve o desafio de funcionar sem ser o companheiro de Bojack. Com um bom começo, trabalhando a sua assexualidade e mostrando as descobertas e aceitação do personagem, teve seu ápice ainda no começo da temporada, com o seu próprio episódio. Mas, depois disso, me pareceu que o personagem ficou perdido, servindo apenas como alívio cômico em alguns momentos, enquanto tentavam empurrar a relação de negócios dele com Mr. Peanutbutter.

A introdução de uma mãe e filha para o nosso personagem principal, depois de este perder Sarah Lynn, provavelmente o mais perto de familia que Bojack teve até então, foi uma trama sabiamente encaixada. Além da viagem pela história da família do Bojack, que trouxe um importante background para o personagem, a trama também arrastou o telespectador para a mente de Bojack, mostrando como suas decisões equivocadas são feitas. Esse momento também trouxe uma diferença para Bojack: ele sabe que é, com o perdão da palavra, um merda.

No fim das contas, Bojack é apenas um cara inseguro e infeliz, que tem medo de ficar sozinho, mas que também não consegue se abrir para as pessoas. Bojack está preso em um ciclo vicioso impregnado em sua família, incapaz de se libertar. Mas, apesar do pessimismo, a série termina com um gostinho de esperança. E, novamente, nos faz acreditar que Bojack pode finalmente ter um relacionamento saudável fora deste ciclo. Com um texto certeiro, diálogos de impacto e momentos cômicos impecáveis, Bojack se apresenta como uma das melhores comédias atuais, e que merece ainda ter uma vida bastante longa.


 
 
 

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