top of page

Novo reboot de IT - A Coisa chega às salas de cinema em contraponto ao “terror de massa”

Um novo reboot da obra do mais aclamado autor de terror contemporâneo, Stephen King, chegou aos cinemas no dia 7 de setembro. IT - A Coisa, como ficou o título do filme no Brasil, trouxe consigo grandes expectativas de fãs antigos da história do palhaço Pennywise, além da pretensão de arrebatar novos públicos.

Assisti ao filme no dia da estreia. Sala de cinema lotada, como era de se esperar para o primeiro dia de exibição de uma produção com uma divulgação tão bem construída. Há mais de um ano a Warner Bros. vinha lançando pequenos teasers e cartazes promocionais em suas redes sociais, além de fragmentos do filme. Quem assistiu a Annabelle 2 (2017) nos cinemas pôde perceber, quando, em meio aos trailers comuns a toda exibição em cinema, o próprio Stephen King surge na tela convidando os espectadores a conferirem um pequeno trecho da nova adaptação de sua obra, instigando a curiosidade do público.

Acredito que seja importante informar aqui, antes de entrar em mais detalhes, que este artigo contém spoilers, portanto, se você ainda não assistiu ao filme e não deseja tomar conhecimento de pontos chave da adaptação deste ano, sugiro que assista ao filme antes de prosseguir com a leitura deste texto.

A primeira coisa que me vejo comentando sobre o novo longa do diretor Andy Muschietti (Mama) é o casting sensacional do elenco mirim. Salvo algumas exceções (Wyatt Oleff, que interpreta Stanley Uris, ou “o judeu”, foi, particularmente, uma decepção), os atores demonstram grande maturidade e competência ao interpretar seus papéis, muitas vezes em cenas bastante exigentes. No entanto, o brilho não ficou só com as crianças. O ator sueco Bill Skarsgård, 27, apavora com sua atuação contemplável do palhaço Pennywise.

Apesar de ter achado interessante o alívio cômico atribuído ao personagem de Finn Wolfhard (alô, Stranger Things), em certos momentos, a quantidade de palavrões proferidos foi exaustiva e dispensável (depois de quinze “what the fucking fuck?” e “I don’t fucking know”, eu não aguentava mais ver crianças falando aquilo), além de muito do humor do personagem estar apoiado simplesmente em falar vários palavrões seguidos.

Muito do livro é traduzido tal qual na nova produção audiovisual, algo que pode não agradar a alguns. A obra de Stephen King é de uma vasta descrição gráfica. Logo na primeira cena, na qual podemos testemunhar o encontro de Georgie com Pennywise, o público é chocado com o pequeno garoto se contorcendo no chão, sangrando pelo braço recém-arrancado. O menino chora e grita, pedindo socorro ao irmão. A cena exibida ocorre exatamente como no livro. No entanto, mesmo tendo lido a obra, me vi chocado ao assistir à cena. A brutalidade é tamanha que pode pegar de surpresa até quem tem uma ideia do que virá em seguida.

Enquanto a obra de Stephen King traz uma narrativa que segue dois períodos de tempo distintos, o novo reboot apresenta apenas a história das crianças ainda jovens, uma sábia decisão da produção, tendo em vista a extensão do livro (mais de 1.100 páginas). É esperado que o restante da trama, que se passa 27 anos depois da primeira aparição de Pennywise às crianças no livro, e narra os acontecimentos dos protagonistas já adultos enfrentando A Coisa, deva ser contada em um próximo filme ainda a ser divulgado.

IT - A Coisa chega como um sopro de ar fresco em meio ao “terror de massa” passível de observação nos cinemas nos últimos tempos, um terror raso, o jumpscare, o “susto pelo susto”, o sangue por si só como recurso para assustar e enojar. O novo reboot do clássico de King inova e retoma as origens de um estilo primitivo de assustar: do que você mais tem medo no mundo?

Com um orçamento estimado em US$35 milhões, o longa vem se provando um sucesso de bilheteria, tendo arrecadado US$103 milhões apenas no final de semana de estreia em território norte-americano.

Em um apanhado geral, ao meu ver, o resultado do filme é bastante positivo. Apesar das pequenas falhas citadas, o novo longa de Muschietti cativa e assusta, ao mesmo tempo de maneira tão singular e apavorante.


bottom of page