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A viagem cultural que Fortaleza oferece em seus museus

A cultura de um povo se consolida não somente através de suas práticas sociais, mas também com suas lendas faladas, seus documentos históricos, seus movimentos políticos e seus monumentos ilustres. No Ceará, por exemplo, até mesmo um singelo relógio de uma praça central já se constituiu como parte da cultura cearense. Nesse contexto, os museus se configuram como uma ferramenta fundamental para a construção identitária de um povo, uma vez que são por meio desses locais que preservamos a memória, contemplamos a arte e conservamos objetos de diferentes períodos históricos. A viagem começa no Museu do Ceará, que está situado no antigo espaço da Assembleia Provincial do Estado. O local conta a história do estado de forma bem simples e objetiva, por meio de uma exposição fixa e separada em setores, contemplando boa parte dos povos que foram responsáveis pela formação do estado cearense. Existe uma sala destinada ao Memorial de Frei Tito, assim como para as armas, moedas, ruas, comunidades indígenas da região; cada conjunto de itens possui um espaço reservado para registro, o que evidencia a importância de cada um na construção da história cearense. O local é frequentado principalmente por estudantes do ensino fundamental, geralmente em passeios escolares. Entretanto, é notório um alto descaso com seu aspecto de conservação. Administrado pela iniciativa pública, muitas das obras ali expostas possuem poucas informações sobre o acervo, e as que ainda permanecem, estão desgastadas, com letras, palavras e até frases ausentes por conta da ação do tempo, prejudicando o entendimento geral da obra.

No Dragão do Mar Na Caixa Cultural de Fortaleza, localizada próxima ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, o percebe-se o cuidado com a manutenção do local, assim como na recepção dos visitantes é maior. Pelos Ares, projeto que expõe o acervo fotográfico de Lu Marini, é apresentado pela monitora Pâmela Soares, que se esforça em fazer todo visitante se sentir convidado a perceber a obra como um todo, desde a parte visual até o simulador de voo, que poderia ser utilizado por cada espectador Ainda na Caixa Cultural, é possível visitar a exposição de Dalí sobre A Divina Comédia de Dante Alighieri. Ela nos ensina que o inferno não é tão ruim quanto falam, ao contrário. Com os quadros divididos em três partes como no livro - inferno, purgatório e paraíso - a parede vermelha se destaca. Em chamas, representando a morada de Satã, é um convite a um deleite singular. O traço surreal do pintor espanhol, baseada na obra do escritor italiano, invade o nosso pensamento, com uma aflorada sensibilidade tátil e um arrepio carnal que nos despertam saborosas sensações. De volta ao centro Por fim, localizadas na área turística da capital, em frente ao Passeio Público, estão as instalações do Museu da Indústria, documentais à história cearense. O edifício no qual se encontra o museu foi construído no final do século XIX, já tendo sediado um clube da alta sociedade cearense, um hotel e até mesmo o Correio Geral, fatores que incentivaram o seu tombamento por lei estadual no ano de 1995. Em 2014, após intenso trabalho de doze anos de restauração no local, foi inaugurada a exposição de longa duração chamada de História de Industrialização do Ceará. Tal mostra contém rico acervo físico, contando com equipamentos relacionados à indústria pecuária e gráfica do estado, por exemplo. A compreensão da importância de cada item exposto é ampliada pelo acervo digital, caracterizado pela interatividade. Neste, o visitante pode ter acesso a linhas do tempo auto-explicativas e escutar sons que se relacionam às importantes atividades econômicas dos períodos anteriores. A conservação do ambiente é visível, tanto por seu tempo relativamente curto de existência como museu, administrado pelo Sistema FIEC (Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará), quanto pelas restaurações já realizadas no espaço. São vários os espaços existentes, como salões voltados para atividades artísticas e eventos sociais, além de uma pequena biblioteca no espaço superior, equipada com computadores e acesso à internet sem fio para seus visitantes. Várias épocas e recortes da sociedade fortalezense, que surge a partir de 1726, estão reunidos em acervos espalhados ao redor dos 313 km2 da cidade, cada um contendo suas singularidades. Foi entrado em contato com a SecultFor, mas o órgão não ofereceu respostas sobre a preservação dos museus de Fortaleza até o fechamento da reportagem. Os museus em Fortaleza oferecem ao visitante uma oportunidade de experimentar uma compreensão mais aprofundada da história do Ceará, além da ampliação do olhar crítico a respeito da nossa região e dos seus respectivos equipamentos culturais. A análise da cultura e do passado da cidade se torna possível por meio de um olhar diferenciado, irrestrito e abrangente desses locais.


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