Resenha: Guardiões da Galáxia Vol.2
- Guilherme Conrado
- 10 de mai. de 2017
- 3 min de leitura

De um grupo desconhecido e com baixas expectativas em 2014 para uma equipe à altura dos Vingadores em 2017. Foi essa a evolução de Guardiões da Galáxia (2014) e de seu diretor e roteirista James Gunn, cujos trabalhos mais conhecidos até então eram dois filmes do Scooby-Doo!, no começo dos anos 2000. O imprevisível cineasta trouxe às telonas personagens que estavam então esquecidos pela Marvel, quase no limbo, após o estouro e o desenvolvimento do arco de heróis em Os Vingadores (2012). Com eles, criou uma obra tão divertida quanto, com uma história simples, fechada e recheada de um acervo musical que contribui para o modo como acompanhamos o filme, mostrando que a escolha da trilha sonora pode levantar qualquer produção audiovisual, no melhor estilo tarantinesco.
O sucesso de público do primeiro filme - faturamento superior a US$ 770 milhões - e a boa recepção dos críticos garantiram a continuação dos Guardiões em formato de trilogia, e sua presença em Vingadores: Guerra Infinita (2018/2019).
Guardiões da Galáxia Vol.2 (2017) continua com a direção e o roteiro de James Gunn, estreando em 27 de abril no Brasil e em 5 de maio nos Estados Unidos. É visível a maior liberdade que Gunn teve para a continuação comparado ao primeiro filme. Com a química entre o grupo já desenvolvida, há espaço para explorar ainda mais a dinâmica da equipe, e já na primeira cena de ação podemos ver isso. O momento poderia ser usado para esbanjar uma batalha ritmada contra um monstro espacial, abusando de efeitos 3D e técnicas de luta em grupo. Porém isso não acontece. Pelo menos no início, quando a expectativa é criada para o começo da briga, e logo toca Mr. Blue Sky, de ELO, e o foco é voltado totalmente para Baby Groot (Vin Diesel) - que claro, está dançando - com o resto da equipe lutando no plano de fundo.
A quebra da expectativa em cima de uma música divertida e dançante durante uma cena de ação mostra logo de cara que Gunn se importa mais em curtir o momento com uma boa canção do que exibir ao público o que eles esperavam, uma decisão surpreendente porém incrível.
Depois de derrotar a besta, um serviço de proteção para as valiosas baterias dos Soberanos, uma raça alienígena que se considera mais avançada, os Guardiões recebem como recompensa Nebulosa (Karen Gillan), irmã de Gamora (Zoë Saldaña), que planeja usá-la como moeda de troca para receber uma boa quantia de dinheiro. A situação foge do controle quando Rocket, dublado por Bradley Cooper, furta algumas baterias, causando a ira do Soberanos, que os perseguem pelo espaço até serem salvos por um deus ex-machina, Ego, (Kurt Russell) revelando ser o pai que Peter Quill (Chris Pratt) nunca conheceu.
A partir desse ponto o grupo é dividido entre Rocket e Groot que vigiam Nebulosa enquanto a nave é reparada, e Peter, Gamora e Drax (Dave Bautista), que acompanham Ego e sua assistente Mantis (Pom Klementieff) até o planeta de Ego. O foco da narrativa passa a ser repartido pelas duplas formadas no desenrolar do filme, com cada dueto tendo uma evolução própria de sua intriga: Peter com seu pai; Gamora com Nebulosa; Rocket com Yondu (Michael Rooker), após serem presos pelos Saqueadores; e Drax com Mantis, os alívios cômicos mais estampados do filme.
Com momentos de humor previsíveis e até forçados em algumas horas, Guardiões da Galáxia Vol.2 é menos inovador que seu antecessor, mas traz mais diversão, cria maior empatia do público com os personagens, apresenta novos integrantes, contém cenas tristes - muito tristes, cuidado com os spoilers de amigos - uma lição sentimental no final, e nos deixa cada vez mais curiosos para ver a interação da equipe com os ‘heróis mais poderosos da Terra’. Porque, para ser sincero, em alguns momentos a química entre o grupo é melhor do que a dos próprios Vingadores, algo que deverá ser explorado na batalha final contra Thanos.
P.S.: Essa resenha foi escrita ao som da trilha sonora de Guardiões Vol.2. Destaque para Fox on the run, de Sweet e The Chain, de Fletwood Mac. São incríveis.

Comments