As cores da luta: pluralidade e militância marcam a XVII Parada pela Diversidade Sexual de Fortaleza
- Beatriz Carvalho e Alexia Vieira
- 23 de nov. de 2016
- 3 min de leitura

Foto: Felipe Mendes
Com bandeiras erguidas, a comunidade LGBT mostrou sua união e defendeu suas pautas
Com o tema “Basta de Close Errado”, a XVII Parada pela Diversidade Sexual reuniu. no dia 13 de novembro, milhares de pessoas na Avenida Beira Mar, em Fortaleza. Organizado pelo Grupo de Resistência Asa Branca (GRAB) desde 1999, o evento anual visa reivindicar a cidadania plena da comunidade LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgênero) local. A concentração do público começou às 14 horas, e a caminhada foi iniciada por volta das 17 horas, e seguiu – ao som de cinco trios elétricos – pela Avenida Historiador Raimundo Girão, até a Praia de Iracema.
O movimento traz um tema novo a cada ano, e um conjunto de pautas centrais que são prioritárias no momento. Outros assuntos já foram pautados como “Não ao Fundamentalismo Religioso” e “O Respeito ao Estado Laico”. A escolha do tema deste ano é justificada, segundo a representante da organização do evento, Dediane Souza, pela conjuntura atual que o Brasil enfrenta com um “retrocesso das políticas afirmativas e ameaça à estruturação da cidadania da população LGBT”. Outra bandeira levantada na 17º edição da parada foi a visibilidade de pessoas transexuais e travestis, bem como o combate à transfobia.
O diferencial desta edição, segundo os organizadores, está na inserção no ciberespaço, por isso a apropriação da frase “basta de close errado”, expressão bastante difundida nas redes sociais, principalmente pela comunidade LGBT, que significa algo errado ou ação questionável. O desafio está em “conseguir adentrar nesse espaço da internet e convidar a comunidade LGBT a discutir política e cidadania plena”. Entretanto, o maior desafio da parada permanece sendo sua sustentabilidade, “a cada ano que passa torna-se mais difícil ter acesso aos fundos públicos”, reforça a representante da organização.
Assistindo à parada pela primeira vez, Arthur Sam, 23, afirma que a visibilidade da comunidade trans foi o que lhe chamou atenção para o evento Segundo ele, que se identifica como homem trans, dentro da comunidade LGBT o T sempre está reprimido e sem representatividade. “Essa questão é bastante significativa, já que o Brasil é um dos países que mais mata transsexuais e travestis no mundo”, ressaltou.
Arthur aponta ainda para a importância do grupo LGBT “colocar a cara no sol para toda a sociedade ver” e ir para esses eventos mostrar resistência aos preconceitos vividos diariamente. Para a travesti Priscila Sobrinho, 31, que participa do evento há três anos, acompanhar a caminhada pela Beira Mar é indispensável. “Esse tipo de evento é importantíssimo para a gente, é onde nos reunimos para lutar pelos nossos direitos, porque é difícil e não há ninguém que faça isso por nós.”, declara.
Outras atividades do GRAB
O Grupo de Resistência Asa Branca é uma Organização não Governamental, sem fins lucrativos ou vinculação partidária, que atua no estado do Ceará. O GRAB tem como missão principal melhorar a qualidade de vida de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Pessoas Vivendo com HIV/AIDS, trabalhando diretamente no enfrentamento ao preconceito por orientação sexual.
O GRAB em seu conjunto de trabalhos de prevenção HIV/AIDS, trabalha basicamente em dois eixos centrais: cidadania LGBT e de pessoas vivendo com o vírus. Outros projetos incluem a formação de jovens das periferias de Fortaleza a fim de atuar no turismo sustentável. “Só do ano passado pra cá a gente já formou mais de 110 jovens, dando capacitação profissional em parceria com o SENAC. O GRAB vai trabalhar com a população LGBT que não tem acesso,” explica Dediane Souza.
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