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Vida de cão. Falta de recursos no Abrigo Arca de Noé dificulta a ajuda a animais abandonados

  • Natalya Barreto e Rafaela Leite
  • 7 de nov. de 2016
  • 3 min de leitura

O Abrigo necessita de auxílio com alimentos, doações e trabalho voluntário. (Foto: Rafaela Leite)

Que o cão é o melhor amigo do homem, isso todos sabem. O que não é muito exposto é a realidade que muitos deles enfrentam ao serem abandonados por seus donos.


Segundo Tiziana Machado, presidente da Associação Viva Bicho, em 2015, estimava-se que o número de animais abandonados em Fortaleza aproximava-se dos 30 mil, e desse total 23 mil eram cães. Mas esse número cresce diariamente, “atualmente estimamos que haja aproximadamente 35 mil animais abandonados, só em Fortaleza”, declara Tiziana.


Frente a essa realidade, existe o engajamento de Instituições Não Governamentais, que resgatam e cuidam de animais em estado de abandono. Entretanto, diversas problemas interferem na manutenção dessas atividades. Questões de auxílio financeiro e adoção são os principais empecilhos nesses projetos.


O Abrigo Arca de Noé, que cuida de cães abandonados na cidade de Fortaleza, por exemplo, está sofrendo dificuldades em manter os animais. Localizado na região sudeste da Cidade, o abrigo mantém hoje 45 cães.


A iniciativa surgiu em 2013, com um grupo de amigas agindo no resgate de animais em situação de abandono, maus tratos, atropelamento e até violência sexual. Fernanda Paulino, auxiliar de veterinário e proprietária do Abrigo ressalta as dificuldades enfrentadas pelo grupo, contando que a crueldade humana não tem limites. Esse é um dos motivos pelo qual o endereço do local não é divulgado, segundo ela “pessoas já jogaram os animais por cima do muro”.


O cuidado com os cães requer amor e dedicação, mas para além disso, o auxílio financeiro é imprescindível. “Eles comem em média 20 kg de ração por dia, isso se eles comerem uma vez ao dia”. Além do básico, alimentação e higiene, existem também os gastos com medicamentos e tratamentos, principalmente dos animais que são resgatados e se encontram em grave estado de saúde – atualmente o abrigo está com três animais internados e a conta já passa dos R$ 8.000.


Outra dificuldade é a manutenção da própria estrutura física do abrigo. O local, que ainda precisa passar por reformas, não está no modelo desejado e não atende as necessidades de animais feridos ou com problemas de saúde. O alto número de animais também demanda muito consumo de energia e, principalmente, água. “A água falta ser cortada, a gente às vezes tem que fazer vaquinha”, lamenta Fernanda, enfatizando que no mês seguinte farão racionamento, "a gente não sabe como vai ficar".


Para continuar com o projeto o Abrigo recorre a outras formas de arrecadação, como bazares, campanhas, rifas e até mesmo blitz, em que pedem dinheiro nos semáforos. Essas atividades ocorrem, em média, uma vez na semana para que se consiga arcar com as despesas.


Para além das dificuldades na manutenção do abrigo e cuidado dos animais, Fernanda sofre com a relação turbulenta com os vizinhos. “Eles me detestam”, resume. A crueldade não se manifesta apenas na falta de empatia dos moradores, mas também em ações extremas como agressões aos animais indefesos. “Já cheguei a ir na delegacia, por terem jogado uma pedra [em uma das cadelas]”.



Processo de Adoção e Apadrinhamento


“80% dos animais que estão aqui, infelizmente não saem”, declara Fernanda. A realidade é que cães mais velhos e cadelas são ofuscados pelo brilho dos filhotes, que possuem uma chance muito maior de serem adotados. Animais com complicações de saúde também sofrem com essa questão, já que o compromisso do adotante para com o animal é maior. “No abrigo eles são felizes, tentam dar qualidade de vida, mas nada se compara a um lar”.


O processo de adoção é realizado de duas formas: A primeira, quando se entra em contato com o abrigo, por meio da página no Facebook ou pelo número. A segunda, em feiras de adoções realizadas em média uma vez ao mês. Todos os animais são castrados e vacinados antes de serem encaminhados para a adoção.


Os interessados na adoção passam por uma entrevista prévia na qual se analisa as condições do ambiente e se o adotante tem possibilidades de arcar com os cuidados que o animal exige. O processo não acaba com a ida do pet. Existe um acompanhamento do abrigo para assegurar a adaptação do animal aos seus donos. Medidas que visam garantir o bem-estar dos cães.


Outro projeto no Arca é o Apadrinhamento, que ocorre quando alguém “se encanta pelo animal” mas não possui condições de adotá-lo. O padrinho pode ajudar com ração, exames, doações mensais ou voluntariado.


Galeria

Para Fernanda Paulino, “o olhar de um animal de abrigo diz assim: 'me leva pra casa, me dá carinho'. E o olhar de um animal adotado é superior, ele te olha assim: 'essa é minha casa, meu pai, minha mãe'. Eu já observei isso diversas vezes".

Como ajudar

Para ajudar, você pode entrar em contato com o Abrigo no seguintes links:

Ou pelo fone: (85) 98940-5489


 
 
 

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