Casas de Cultura Estrangeira: futuro em discussão
- Isabela Santana e Rebeca Soares
- 2 de nov. de 2015
- 3 min de leitura

Foto: Isabela Santana
Universidade Federal do Ceará discute novos rumos para as Casas de Cultura Estrangeira. Algumas das mudanças podem causar impacto para os alunos que, apesar de estarem externos ao debate, reconhecem a importância do programa.
Desde fevereiro é discutido um novo projeto elaborado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) sobre o futuro das Casas de Cultura Estrangeira (CCEs), maior Programa de Extensão da Universidade. Por enquanto, as discussões ainda estão em andamento entre os professores, a diretoria do Centro de Humanidades e a Reitoria da UFC, mas as alterações acadêmicas e administrativas podem gerar mudanças importantes na mecânica atual das Casas de Cultura.
Atualmente os professores das CCEs são vinculados ao quadro EBTT (Ensino básico, técnico e tecnológico) o que, segundo carta do Vice-Reitor Custódio de Almeida, “garante a reposição imediata das vagas que surgirem no quadro”. No entanto, como as CCEs se caracterizam somente como atividade de extensão, seria necessário que os professores realizassem atividades relacionadas ao ensino para se manterem vinculados ao EBTT, de acordo com o projeto proposto pela Universidade.
Dessa forma, o projeto propõe que o corpo docente das Casas de Cultura também ministre disciplinas em cursos de graduação da UFC e em um possível Curso Tecnológico de Formação de Tradutor e Intérprete de Línguas Estrangeiras e de Libras. Além dessa adequação acadêmica, há uma proposta administrativa que dividiria as Casas de Cultura em dois núcleos: Línguas Latinas e Línguas Anglo-Germânicas.
Para a professora Rogéria Costa, que leciona desde 1987 na Casa de Cultura Alemã, o problema da proposta é que os professores das CCEs teriam a obrigação de obedecer a demanda gerada pelos cursos de graduação: “Isso significa que, para atender essa demanda, inicialmente a gente já teria que diminuir a oferta que nós temos. Isso é lógico, é uma questão de números. Eu não estou especulando, estou fazendo conta. Porque eu sei o que é distribuir turmas com pouco professor.”, afirma Rogéria. A professora explica que haveria, assim, uma diminuição na oferta de novas vagas nas Casas de Cultura.
No texto da proposta, a UFC reconhece que existem certas condições para que as medidas de adequação tenham êxito. Em relação à possível redução de oferta dos cursos, a diretoria do Centro de Humanidades afirma que a solução seria o aumento do quadro de professores, mas não garante a realização de novos concursos. Também aponta que, com ampliação da atuação dos professores e o aumento no número de profissionais seria necessário complementar a estrutura física já existente das Casas de Cultura com espaços para gabinetes para os docentes.
Importância das Casas de Cultura
Em funcionamento há mais de 50 anos, as Casas de Cultura se apresentam como uma extensão da UFC para a comunidade e é um dos poucos organismos que conectam graduandos e mestrandos com a população fortalezense em geral na mesma sala de aula.
Entre os sete idiomas (Inglês, Espanhol, Francês, Alemão, Italiano, Português e Esperanto), 48 professores e cerca de 4 mil estudantes integram as Casas de Cultura.
Segundo pesquisa realizada pela professora Rogéria entre os alunos da Casa de Cultura Alemã, aproximadamente 20% destes não são universitários, e sim pessoas sem relação com o mundo acadêmico e que, ainda assim, procuraram as CCEs como forma de aprimoramento pessoal e profissional.
Em meio às novas questões, os alunos das CCEs reconhecem a importância do Programa na vida acadêmica. Para Thiago Guimarães, 18, estudante do IFCE e da Casa de Cultura Alemã, a variedade de idiomas ofertados com reconhecida qualidade é o ponto forte das CCEs: "A Casa de Cultura me possibilita aprender um idioma que há muito tempo queria aprender, mas não encontro um lugar que tenha a conhecida qualidade em ensino de línguas como as Casas de Cultura da UFC."
O mestrando em Direito e estudante da Casa de Cultura Francesa, Hian Colaço, destaca a qualidade do ensino das CCEs, mesmo com a diminuição do corpo docente. “As Casas de Cultura da UFC apresentam-se como espaço tradicional de universalização e democratização do ensino de línguas no Ceará! Em meio a inúmeros cursos de língua caríssimos a proposta da Casa de Cultura coloca-se como uma alternativa à monopolização do conhecimento! É a janela para o mundo da capital alencarina!”, pontua Hian.
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