Greve não é férias
- Mariane Oliveira e Raiane Ribeiro
- 23 de ago. de 2015
- 3 min de leitura

Foto: DATA
Depois da greve dos servidores e professores da UFC, os universitários deflagraram a greve estudantil. Entenda o que é e quais os propósitos dessa paralisação que não deixa ninguém parado.
O semestre letivo na Universidade Federal do Ceará teve início no dia 3 de agosto, mas logo foi interrompido ao ser deflagrada a greve dos professores, no dia 18, após quase dois meses de greve dos servidores. Mas, dessa vez, os universitários também resolveram se movimentar e tomar parte nas reinvindicações. Durante a semana passada, a greve estudantil foi declarada na Assembleia Geral dos Estudantes, na quarta-feira, dia 19. Além disso, nos dias 17 e 21, ocorreram as assembleias dos estudantes de Jornalismo e de Publicidade e Propaganda, respectivamente, para decidir à respeito da greve dos alunos de Comunicação. Na assembleia do curso de Jornalismo foi acordada a paralisação, enquanto na de Publicidade não houve quórum.
A greve também foi acordada por universitários de outros cursos da UFC, como Direito e Psicologia. Essas decisões geraram dúvidas entre os demais estudantes do que seria e pra que serviria essa tal greve estudantil. Como explica Leonardo Câmara,integrante do Tal Coletivo e da atual gestão do Diretório Acadêmico Tristão de Athayde, “a greve estudantil é o instrumento que encontramos para nos organizarmos em torno das nossas demandas. Através dela, os estudantes se articulam para reivindicar melhorias para a estrutura do curso, de maneira que possamos efetivamente ter uma formação de qualidade”.
Cada curso possui demandas específicas. Para os alunos de Comunicação, as exigências incluem infraestrutura e equipamentos, que possibilitariam a melhor formação acadêmica. Para realizar essas reivindicações, há uma mobilização por parte dos alunos e dos projetos de extensão, que criaram um calendário de atividades, que conta com oficinas e espaços de discussão, para ocupação da universidade durante a greve. A participação dos projetos de extensão agrega diversidade ao movimento. "Cada projeto tem uma atuação diferente dentro do curso, e a junção deles fortalece a greve, porque faz com que nossas reivindicações sejam manifestadas das mais criativas formas”, explica Leonardo.
A greve estudantil não necessariamente continuará depois que os professores encerrarem a sua paralisação. Seu principal objetivo é elencar as demandas dos alunos e não depender das pautas do corpo docente. Para o coordenador de Jornalismo, Rafael Rodrigues, “a greve é apenas uma das maneiras de debater essas questões, e o que se espera da comunidade estudantil como um todo é que encampeessas discussões cotidianamente, atribuindo ao movimento estudantil um sentido de pertencimento que hoje ele não possui. Penso, desse modo, que esse momento é também uma chave para se pensar que tipo de movimento estudantil os alunos da UFC querem para si.” Ele acredita que a greve estudantil seja plausível pois é “uma forma de dar visibilidade para pautas que não estão contempladas nas reivindicações dos servidores e professores, como é o caso das políticas de assistência estudantil e da paridade nas votações para órgãos diretivos da Universidade.”
Para a aluna do primeiro semestre de Publicidade e Propaganda, Laura Stragliotto, a greve é necessária, ainda que quebre o ritmo para os estudantes ingressantes. "As pautas da greve estudantil são muito pertinentes. Os cursos de comunicação da UFC não recebem a devida atenção por parte da reitoria, portanto é uma causa justa e espero que se obtenha resultados positivos”, compartilha a estudante.
Durante essa semana e a próxima, haverá atividades para unir os estudantes em prol do movimento. A programação inclui oficinas, seminários, cineclube, visita técnica e audiência com o Reitor. Para mais informações, acesse a página do Diretório Acadêmico Tristão de Athayde (DATA).
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