Resenha Mad Max
- Isabela Santana
- 2 de jun. de 2015
- 3 min de leitura
Há quem queira analisar a sequência recém lançada da franquia de ficção Mad Max de forma comparativa com os antigos filmes, estrelados por Mel Gibson, porém, aqui ele será analisado pelo que é acima de tudo: uma revolução.
(ao meu ver, uma resenha não poderia fazer jus a esse filme sem apoio visual, então aproveitem os gifs)
(ACALMEM-SE, NÃO HÁ SPOILERS)

O filme tem como personagem principal Max Rockatansky (Tom Hardy), um ex-policial traumatizado pela destruição gradual da vida que conhecia e que, após perder sua família, vaga pelo deserto como um piloto solitário. A trama tem início com a captura de Max por guerreiros ultra-devotos de um líder tirano de uma cidadela. Esses guerreiros, conhecidos como garotos de guerra, são pilotos, mecânicos e bombardeiros de carros, com o detalhe de serem o que se chama de "meia-vida", pessoas com uma saúde gravemente debilitada devido às condições inóspitas em que o planeta se encontra.

Esses guerreiros são comandados por uma imperatriz, Furiosa (Charlize Theron), que decide se rebelar contra o tirano ao ajudar na fuga de suas parideiras (moças lindas e jovens usadas para gerar senhores da guerra fortes e saudáveis). Tal fuga faz com que o tirano Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) reúna todos os seus guerreiros para uma perseguição mortal na Estrada da Fúria.

O filme se passa em um futuro pós-apocalíptico da Terra, mas é possível identificar alguns elementos que não se distanciam tanto da realidade atual. Um exemplo seria a relação entre o tirano Immortan Joe e o resto da população. Enquanto ele vive confortavelmente (para os padrões do contexto, é claro), o resto da população vive de forma miserável (nem sei se essa palavra pode representar fielmente a situação da população no filme, mas já dá a ideia de que não é nada boa), sofrendo gravemente com a falta d'água.
Como a maioria dos filmes pós-apocalípticos, Mad Max consegue mandar com sucesso a mensagem de conscientização para a preservação dos nossos recursos naturais, mas com a diferença de não precisar deixar tão explícito nem se apoiar nisso para o desenvolvimento do roteiro.

O longa de duas horas dirigido por George Miller pode não agradar o público que geralmente não se identifica com filmes de muita ação e pouco diálogo. Mas, agradando ou não, é nisso que o filme assumidamente se apoia. O ritmo frenético das cenas, mérito de uma edição impecável, complementa e acompanha a proposta de futuro pós-apocalíptico.
Impecável também seria a palavra certa para o visual deste filme. Foi declarado pelo diretor que apenas 20% dos efeitos do filme foram feitos por computação gráfica, o que representa principalmente as paisagens, que com certeza não deixam a desejar.

Os outros 80%, todos os carros e equipamentos, incluindo uma guitarra que solta fogo, foram efetivamente construídos e funcionavam.

Porém, o filme não é só uma revolução por assumir sua predominância de imagens sobre diálogos, mas sim por conter em seu roteiro, ainda que este seja simples, uma perspectiva feminista como vista em pouquíssimos filmes de ação.
Não há aquela visão comum do protagonista masculino que se sobressai entre os personagens secundários, muito menos a simples inversão de papeis que apenas substitui o gênero do herói (ou anti-herói).
A falta de expressão verbal do personagem Max é brilhantemente equilibrada na interação com toda a ferocidade de Furiosa, esta que poderia facilmente ser confundida como protagonista do filme. A colaboração entre ela e Max como iguais pode ser marcada como uma das principais razões do seu sucesso. E além disso existem outros elementos que trazem fortemente consigo a ideia de empoderamento feminino, libertação e independência.
Mad Max: Estrada da Fúria deixa sua marca com uma qualidade inigualável em aspectos visuais, uma compilação gratificante de grandes atuações e um grande salto na direção de igualdade de gêneros dentro da indústria das grandes produções cinematográficas.

Veja o trailer:
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