E você, é a favor da mudança para o ICA?

Em ano de cinquentenário, é natural que um sentimento nostálgico predomine nas conversas e comemorações. São recordados momentos históricos, de fortes mudanças. É interessante perceber, assim, as grandes alterações que estamos vivendo no presente e identificar que um dia serão recordadas pela sua importância. A mudança do curso de Jornalismo do Centro de Humanidades para o Instituto de Cultura e Arte, apesar de já consolidada, gera discussões e controvérsias. O Câmbio conversou com alunos e professores e uniu opiniões sobre as vantagens e desvantagens dessa mudança histórica.

SIM

A mudança do curso de jornalismo para o novo Instituto de Cultura e Arte (ICA) abriu espaço para dúvidas e reprovações, principalmente por parte dos alunos. A saída do Benfica para o campus do PICI provoca opiniões controversas e acentua os pontos negativos, que tendem a se destacar, fechando a recepção dos estudantes em relação aos benefícios desse fato.

O ICA possui uma estrutura nova e arquitetada especialmente para abrigar os cursos que foram nele estabelecidos, incluindo o curso de Jornalismo. Ainda que esteja em construção gradual, oferecerá novos laboratórios e salas de aula e, consequentemente, melhorias na qualidade de ensino prático e teórico. O Centro de Humanidades já é considerado temporário, tornando o ICA um espaço fixo e preparado para finalmente estabelecer o curso de Comunicação Social em um local próprio, nosso.

O contato com as outras dez graduações que compõem o Instituto gera uma maior interdisciplinaridade com cursos que complementam o conhecimento jornalístico de uma maneira diferente da formatada no Centro de Humanidades, já que todos eles têm em comum a parte humana como serviço para a sociedade, seja de maneira artística ou técnica. Além disso, como a transição do curso de Publicidade e Propaganda já está sendo executada paulatinamente, outra vantagem é manter a Comunicação Social unida em um mesmo espaço, como sempre esteve. Esse último fator influi diretamente no funcionamento de alguns projetos de extensão e do Diretório Acadêmico, que comportam os dois cursos.

Apesar de em um contexto diferente do atual, foi decidido que o nosso curso estaria melhor em um espaço acadêmico em que se encaixasse para suprir as necessidades ainda vigentes. As vantagens existem e devem ser ressaltadas, mesmo que olhar pelo lado negativo seja sempre mais fácil, já que a crítica considera pesos importantes, mas desconsidera a realidade.

Ester Coelho

NÃO

Em algum ponto desses 50 anos decidiu-se que a Comunicação Social não se encaixava bem no Centro de Humanidades, e que seria interessante buscar outra organização onde houvesse maior pertencimento. Porém não imaginava-se que, depois da integração de vários outros cursos ao Instituto de Cultura e Arte, o Jornalismo estaria de volta ao desencaixe, só que agora em um ambiente claramente mais artístico e, além de tudo, fadado ao isolamento.

A construção do prédio do ICA no campus do PICI implica em algumas mudanças drásticas para o nosso curso. Só o fato de o instituto que envolve cursos ligados às artes estar localizado longe do corredor cultural do Benfica, já é questionável. Além disso, o afastamento da Comunicação Social em relação ao CH, que abriga cursos indispensáveis à nossa formação, como Ciências Sociais e Psicologia, chega a ser revoltante.

Somos comunicadores, não artistas. Comunicamos a arte e a cultura, sim, mas também política, economia e atualidades. Esse isolamento físico comprometerá nossa relação com essas áreas de estudo, além de afetar projetos de extensão, estágios e até ofertas de emprego. Querendo ou não, dificuldade de deslocamento afeta sim nossas escolhas e decisões.

Infelizmente, a decisão já foi tomada, e o que resta dela é a incerteza do que está por vir (e do quando, né?), além da tristeza pelo que teremos de abrir mão. Toda essa questão mostra o que pode muito bem acontecer quando nós, alunos, não somos devidamente consultados acerca das decisões que dizem respeito à nossa formação: insatisfação, apenas. A ironia de não haver comunicação na Comunicação Social.

Isabela Santana

#opinião #UFC