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Entrevista com Ricardo Jorge, professor do curso desde 1997.

 

No contexto da preparação da nova grade curricular que está em andamento, qual a sua opinião sobre a discussão da necessidade de mais aulas práticas ?

 

Essa é uma questão muito discutida, que o aluno tenha o mais cedo possível contato com o campo, que não pareça uma coisa distante para ele. Boa parte dos professores se formou na UFC numa época onde o aluno só ia ter contato mesmo com o curso a partir do segundo ano, então talvez a gente inconscientemente projete um pouco essa visão e acabe reproduzindo. A gente tenta sempre fazer o melhor possível, mas a realidade é muito dinâmica. O problema é que fazer uma reforma curricular leva muito tempo, se houvesse um modo de ser menos burocrático, a gente faria com mais frequência.

 

O diploma de jornalista não é obrigatório para exercer a profissão. Isso influencia a universidade a oferecer mais conteúdo teórico para que os graduados tenham um diferencial?

 

A redação não dá muito tempo para pensar nos desdobramentos éticos da publicação daquela matéria. Um dos grandes dilemas dos jornais hoje não é tanto a questão técnica, mas a questão ética. E são coisas que não se separam, técnica e prática e ética e teoria. Algumas pessoas defendem que jornalismo é meio como literatura, como arte, eu não sei. Mesmo os artistas, de modo geral, se puderem fazer algum curso para aperfeiçoar a prática deles, não vão deixar de fazer. Existe uma série de questionamentos que a gente tenta fazer dentro do curso. O jornalista não pode simplesmente aceitar tudo o que vem do outro, ele tem que estar preparado também pra questionar. As pessoas às vezes têm medo de errar, e a universidade é o lugar ideal para isso. Aqui se você errar, tem alguém para te ajudar. O erro faz parte do processo de aprendizagem.

 

Nesse sentido de que os jornalistas precisam ter conhecimento sobre várias áreas, o curso de jornalismo da UFC possui um déficit, como por exemplo a ausência de uma disciplina de assessoria como obrigatória. Como você vê isso ?

 

Essa é outra discussão polêmica. É importante que haja uma disciplina de assessoria? É, porque é um mercado de trabalho. Nenhum curso de jornalismo, por melhor que seja, vai dar conta de todas as possibilidades de conhecimento do jornalista. A parte de jornalismo opinativo, eu acho extremamente pobre; poderia ter um espaço maior. O curso deve fornecer as condições para que o aluno possa pegar informações dessas áreas e disciplinas que ele quer fazer, que complementem a formação dele.

 

O jornalismo, atualmente, está presente em diversas plataformas, além do jornal impresso, tendo como principal exemplo o jornalismo para web. Como a UFC se insere nesse meio?

 

É discutido como trabalhar essas novas mídias e a convergência midiática. É uma coisa muito nova, e a gente tem que ver o que funcionaria melhor levando em conta nossa quantidade de professores, nossos laboratórios, o que é pertinente para a formação do aluno. Às vezes é muito arriscado você fazer apostas num cenário que não está estabelecido. Por outro lado, você não pode ignorá-lo. Vários dos concursos que a gente tem feito ultimamente têm pedido professores que trabalhem com multimídia, mas que não sejam exclusivamente dessa área. É interessante ter professores polivalentes.

 

Então com essa reforma curricular, além das novas mídias presentes no fazer jornalístico, é correto dizer que nosso curso está em transição?


Todo curso universitário está sempre em transição, de algum modo, especialmente na área de comunicação, na área de jornalismo. Estar em transição não significa estar em indefinição. A realidade está sempre mudando, a realidade não é estável. A realidade não sendo estável, não faria muito sentido que os cursos fossem estáveis.

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